Oficina de Tecelagem Camburi
Num lugar paradisíaco, ao sabor do vento fresco e salubre da praia do Camburi ergue-se o centro comunitário.
A comunidade do Camburi vive afastada de Ubatuba, devido a longa distância, já que Parati fica mais perto para eles. Eles vivem basicamente do turismo na orla da praia, que é cercada de quiosques bem simples, pequenos restaurantes, onde eles vendem comida típica, comida caiçara mesmo, igual a da minha avó. Mas a Prefeitura está querendo tirá-los da orla da praia para preservar o jundú (vegetação rasteira que cobria quase todas as praias ubatubenses).
Por isso esses cursos são importantes para aquela comunidade, e chegam em boa hora.
Tínhamos três bananeiras cortadas. Começamos a descascá-las como palmitos retirar primeiro as “fibras largas”, sentindo com os dedos as bordas de cada pedaço de bananeira desfolhada e puxando a fibra que não se mistura a “renda”. Depois separamos a “renda”, coisa muito difícil e trabalhosa que consiste em raspar com cuidado até sobrar apenas um resto de fibras entrelaçadas. A renda pode ser usada para recobrir superfícies lisas, tipo: revestir abajures ou encapar cadernos; e também para produzir fios mais delicados.
Mas os fios para tecer é que eram importantes, por isso nos concentramos neles. Fomos passando garfos nos pedaços de bananeira sobre a mesa grande, como se arranhando, mas cortando em fios, que depois foram lavados, tingidos e colocados para secar. Os brancos ficaram de molho no cloro, depois foram colocados também em varais á sombra, num pátio coberto, para secarem. Em três ou quatro dias já estariam prontos para serem usados.
O dia de aprendizagem se encerrava. Para confecção dos fios e tecelagem dos mesmos foi marcada uma nova data, um sábado de tempo a bom dali a duas semanas.
Parece complicado ou trabalhoso, mas na verdade é bem simples, sem muito segredo.
Os fios prontos, secos e umedecidos. Hora de aprender a trançá-los em garrafas pet, potes de vidro e até ao redor de bambus. Depois fizemos trançinhas bem finas para enfeitar as bordas, e tampas de trançinhas enrodilhadas.
Também aprendemos a fazer chinelos de fibra de bananeira, grandes e pequenos, para serem usados como chaveiros.
Passamos as técnicas de tear, com teares muito simples, construídos de quadros de madeira e pregos ou palitinhos de sorvete que qualquer um pode fabricar. Com esses teares de pregos podemos fazer tapetes, cortinhas, colchas, etc; e com os de palito fazemos tiaras e cintos.
Na verdade, podemos fazer com a fibra de bananeira tudo que a imaginação alcançar. Uma senhora fez uma tartaruga de pano e revestiu com a renda, e ficou muito bonito! Ora, agora é colocar a cabeça para funcionar, que matéria prima é o que não falta!
Denise Amaral Pinto
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